Tratamentos Odontológicos

Cirurgia Ortognática

Área de atuação do cirurgião-dentista, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, que trata as deformidades dento-faciais.

Objetivos:

Visa corrigir problemas congênitos ou adquiridos que causam desarmonia entre os ossos maxilares. Além disso, promove o equilíbrio da função e harmonia facial propiciando uma melhor qualidade de vida por restabelecer a saúde e a auto-estima.

 

Causas do problema. 

Na maioria dos casos o problema é genético, onde há uma herança para um crescimento desigual entre a maxila (osso da parte superior) e a mandíbula (osso da parte inferior). Há casos onde em virtude de um traumatismo, tumores ou outros fatores ambientais podem levar a deformidades faciais que necessitam ser corrigidas através da cirurgia ortognática.

Veja se você precisa de realizar uma cirurgia ortognática: O paciente prognata tem um crescimento deficiente da maxila e/ou um crescimento excessivo da mandíbula. Nestes casos, a cirurgia leva a maxila para frente além de trazer a mandíbula para trás dando uma melhor harmonia à face.

Nos pacientes retrognatas, a mandíbula e/ou queixo são curtos ou muito para trás e a cirurgia leva este osso para frente. Quando isto ocorre é muito frequente haver uma diminuição do espaço para respirar atrás da garganta que é um dos fatores importantes do ronco e apnéia obstrutiva do sono. Nestes casos, a cirurgia indicada é levar a maxila e a mandíbula para frente. Isto vai propiciar um aumento considerável do espaço aéreo posterior além de deixar a face mais rejuvenescida.

Há ainda os casos que ao sorrir o paciente mostra uma quantidade exagerada de gengiva, o que na maioria dos casos impede um adequado fechamento da boca e, desta forma, o paciente tem uma respiração prejudicada (respirador bucal). Para corrigir este problema fazemos uma impacção da maxila (tira uma fatia do osso e sobe o mesmo).

Geralmente a mordida aberta anterior ocorre quando o paciente teve o hábito prolongado de sucção de dedos e/ou chupeta na infância. Isto leva ao aparecimento da deformidade que é caracterizada pelos dentes da frente não encostarem. Com isto o paciente fica impedido de pegar os alimentos com os dentes causando sérios problemas na mastigação e digestão.

As assimetrias faciais podem ser visíveis nas arcadas dentárias e na face. Em pacientes com alguma síndrome crânio-facial ou tumores estas assimetrias são mais comuns e requerem cirurgia ortognática para correção.

Se você possui um dos seguintes problemas, você pode estar precisando de uma cirurgia ortognática:

  • Queixo muito grande ou pra frente;
  • Queixo muito pequeno ou pra trás;
  • Mostra muita gengiva quando sorri;
  • Você tem o rosto torto;
  • Seus dentes não tocam na frente;
  • Você não consegue fechar os lábios sem forçar;
  • Seus dentes não se encaixam adequadamente durante a mordida;
  • Você ronca muito;
  • Você dorme mal, acorda cansado, tem sonolência excessiva durante o dia, tem déficit de atenção;
  • Você não consegue mastigar adequadamente;
  • Você tem dores nas articulações da mandíbula, dor de cabeça e ouvido;
  • Você não está satisfeito com sua harmonia e estética facial.

Problemas funcionais causados pelas deformidades dento-faciais: Pacientes com este problema possuem má-oclusão e não conseguem mastigar adequadamente. Consequentemente vão ter prejuízo funcional na digestão, a deglutição é prejudicada em função da posição da língua e do tamanho mandibular, além de distúrbios na fonação.

A maxila muito estreita, por exemplo, pode acarretar alterações na função respiratória, porque a base do nariz, que é o teto da maxila, também é estreita e dificulta a passagem do ar. O ronco ou apnéia obstrutiva do sono geralmente estão associados aos ossos maxilares retro-posicionados com diminuição do espaço aéreo faríngeo posterior.

O excesso vertical da maxila, observado em pacientes que tem sorriso gengival exagerado, dificulta o fechamento adequado dos lábios o que favorece à respiração bucal que está associada a vários problemas de saúde.

Além destes problemas, é relativamente comum os distúrbios nas articulações da mandíbula, onde a má-oclusão acarreta estímulos crônicos e nocivos nesta articulação e, com o passar do tempo, pode evoluir com quadros de dor orofacial, barulhos, dor de cabeça, dores musculares no pescoço e ombro, dor de ouvido, zumbido, dificuldade de abrir a boca.

Idade ideal para o tratamento: O ideal é que o paciente realize a cirurgia ortognática após cessado o crescimento ósseo, em geral entre 16-18 anos nas mulheres e 18-21 anos nos homens. Desta forma o tratamento torna-se mais estável e previsível. Por exemplo, se o paciente tem uma herança genética para fazer crescer mais a mandíbula e opera com 15 anos de idade, ele vai ter um crescimento residual pelo menos até os 18 anos e nesses três anos o problema pode voltar e requerer outra intervenção cirúrgica.

A cirurgia não é contra-indicada em pacientes mais velhos, principalmente em casos para tratamento da apnéia obstrutiva do sono onde é comum os pacientes apresentarem este problema após os 50 anos de idade.

Sequência do tratamento

O tratamento das deformidades dento-faciais envolve o Ortodontista e o Cirurgião Bucomaxilofacial. Desta forma o paciente pode procurar um destes profissionais para a primeira consulta de avaliação e deve ser referenciado ao outro em seguida. É muito importante o estabelecimento do planejamento conjunto entre os 2 especialistas no início do tratamento para otimizar tempo e resultados almejados.

O diagnóstico preciso é estabelecido através de avaliações minuciosas que incluem:

  • queixas do paciente;
  • história pregressa médica e odontológica;
  • análise da estética e harmonia facial;
  • exame das arcadas dentárias;
  • análise de radiografias e tomografias;
  • análise de modelos de gesso das arcadas dentárias;
  • traçados obtidos através de radiografias;
  • outros exames complementares que se julgar necessários.

1º – Ortodontia pré-cirúrgica

Como a deformidade é dentária e esquelética, em geral há uma inclinação acentuada dos dentes para compensar as bases ósseas discrepantes, além de problemas de espaço levando a apinhamentos dentários. Sendo assim, é imprescindível o tratamento ortodôntico previamente à cirurgia ortognática. O aparelho ortodôntico fixo vai reposicionar os dentes em suas bases ósseas alinhando-os e deixando-os funcionalmente adequados para executar bem a função mastigatória. Este tratamento leva em torno de 1 a 2 anos, dependendo do caso, e só a partir dele podemos realizar a cirurgia.

2º – Cirurgia ortognática

Uma vez terminado o preparo ortodôntico, exames pré-cirúrgicos são solicitados (em geral exames de sangue, RX tórax, ECG, avaliação do risco cirúrgico feita por médico Cardiologista) e realizada consulta pré- anestésica. O paciente estando apto à realização da cirurgia, a mesma é marcada e realizada em ambiente hospitalar sob anestesia geral.

É necessário jejum absoluto (sólidos e líquidos) por no mínimo 8h antes da cirurgia.

A duração da cirurgia depende do tipo da mesma sendo que as cirurgias mais simples duram em torno de 40 minutos a 2 horas e as mais complexas duram em torno de 3 a 4 horas.

A cirurgia é feita por dentro da boca e, portanto não há cicatrizes externas. Realizam-se fraturas cirúrgicas planejadas com instrumentos de corte especiais que podem ser micro-serras e/ou pontas de ultrassom. Estas últimas tem a grande vantagem de cortar apenas osso e não lesar estruturas importantes como vasos e nervos. Uma vez separados os ossos, os mesmos são recolocados nas posições corretas e fixados com mini-placas e/ou mini-parafusos de titânio. Este material é biocompatível, não havendo necessidade de removê-lo. Este tipo de fixação permite que o paciente saia da cirurgia com a boca aberta e não fique com a boca amarrada em nenhum momento no pós-cirúrgico.

O planejamento dos reposicionamentos ósseos é feito através de programas de computador para onde são transportadas as imagens tomográficas, fotos digitais e modelos dos dentes digitalizados. A precisão é muito grande e o paciente pode ter uma idéia de como vai ficar o resultado através das imagens manipuladas pelo computador. Após o correto posicionamento dos ossos via computador, são confeccionados guias cirúrgicos impressos em impressoras 3D especiais. Estes guias é que vão orientar o cirurgião, no momento da cirurgia, a executar os movimentos ósseos exatamente como o planejado.

Em geral o paciente permanece internado por 24 horas e tem alta hospitalar com medicação de suporte e recomendações de acordo com o caso. A dor pós cirúrgica não é comum e, na grande maioria dos casos, apenas analgésicos comuns controlam a dor.

O edema pós-cirúrgico na face e pescoço é normal e evolui durante as primeiras 72 horas para depois começar a regredir. Bolsas de gelo na face nos primeiros 3 dias ajudam a controlar o edema. Em torno de 10 a 15 dias o inchaço mais evidente já regrediu e o edema residual desaparecerá completamente em 30 a 60 dias.

Os riscos da cirurgia ortognática são muito baixos e bastante minimizados se houver uma equipe bem treinada com profissionais experientes. A anestesia geral é muito segura, sendo o paciente totalmente monitorizado e acompanhado pelo médico anestesista durante todo o procedimento.

Os avanços técnicos e tecnológicos inerentes à cirurgia ortognática tem sido muito rápidos. Isto faz com que a cirurgia seja mais segura, previsível e estável.

3º – Acompanhamento pós-cirúrgico e laserterapia

O primeiro retorno ao consultório do cirurgião se dá cerca de 2 a 3 dias após a alta hospitalar. Nesta fase o paciente é acompanhado de 2 a 3 vezes por semana durante 5 a 6 semanas. Após isto as revisões ficam mais espaçadas até o término do tratamento.

Na cirurgia ortognática alguns nervos são afastados ou deslocados o que acarreta uma dormência temporária na face. Se a cirurgia for na maxila, a dormência atinge a parte média da face e dura de alguns dias a cerca de 3 a 6 meses. Se a cirurgia for na mandíbula ou mento (queixo) a dormência atinge a região central do queixo e dura em média de 3 meses a 1 ano. O laser terapêutico atua no restabelecimento mais precoce da função destes nervos além de melhorar a dor e o inchaço consideravelmente.

Durante o acompanhamento pós-cirúrgico, realizamos a aplicação de laser terapêutico, num protocolo de 10 sessões.

4º –  Acompanhamento Nutricional

A alimentação no pós-cirúrgico é restrita a alimentos líquidos e/ou pastosos nas primeiras 4 a 6 semanas. Em pacientes muito magros ou com facilidade para emagrecer ou pacientes que querem perder peso recomendamos consulta com um Nutricionista. Este profissional irá auxiliar na elaboração de uma dieta balanceada extremamente importante na recuperação pós- cirúrgica.

5º –  Acompanhamento Fonoaudiológico

A Fonoaudiologia é extremamente importante no pronto restabelecimento funcional associado à cirurgia ortognática. Nos primeiros dias do pós-cirúrgico esta especialidade realiza as drenagens linfáticas na face propiciando regressão do edema, além de orientações de exercícios de deglutição. Após 45 dias da cirurgia são iniciados os exercícios fisioterápicos para adequação dos movimentos mandibulares, postura lingual, motricidade labial e facial além de exercícios para melhora da dormência temporária.

6º –  Ortodontia pós-cirúrgica

Após cerca de 2 meses da cirurgia, o paciente retorna ao Ortodontista para a finalização do tratamento ortodôntico. Esta fase envolve o refinamento da oclusão e dura em média de 6 meses a 1 ano.

7º – Acompanhamento de outras áreas conforme necessidade

Após a conclusão da Ortodontia pós-cirúrgica, o paciente pode requerer outros tratamentos adjuvantes como: clareamento dentário, restaurações dentárias estéticas, reabilitações com implantes e/ou próteses, tratamento periodontal, etc.

8º –  Acompanhamento após o término do tratamento

O paciente é acompanhado pelo Ortodontista e Cirurgião por períodos indeterminados após a conclusão do tratamento. Este acompanhamento varia de acordo com a necessidade do caso e visa verificar a estabilidade do tratamento.

Quando retornar às atividades normais: Na maioria dos casos o retorno às aulas ou trabalho pode se dar em torno de 15 a 20 dias após a cirurgia. Atividades profissionais que requeiram esforço físico ou constante exposição ao sol podem necessitar de afastamento por 30 a 60 dias.

Atividades físicas podem ser retomadas com 4 semanas e a intensidade das atividades devem ser aumentadas progressivamente.

Veja também:

Apneia do Sono

Enxerto Ósseo

Cirurgia para remoção de dentes inclusos (sisos)